Produtos químicos usados para matar bactérias podem estar a fazer o contrário, deixando os microrganismos ainda mais resistentes. A afirmação é de um estudo publicado na edição de outubro da revista Microbiology.
Segundo a pesquisa, pequenos níveis dessas substâncias, chamadas biocidas, podem fazer com que a potencialmente letal bactéria Staphylococcus aureus se torne mais resistente à acção de antibióticos. Os biocidas são usados em desinfectantes e antissépticos para eliminar micróbios. São normalmente empregues na limpeza doméstica, em hospitais, na esterilização de equipamentos médicos e na descontaminação da pele antes de cirurgias. A pesquisa destaca que se tais produtos forem usados em níveis correctos eles matam bactérias e outros microrganismos. Entretanto, se forem utilizados níveis inferiores aos indicados , os micróbios podem sobreviver, tornando-se resistentes à aplicação.
“Bactérias como o Staphylococcus aureus produzem proteínas capazes de retirar as substâncias químicas tóxicas da célula, de modo a interferir com os seus efeitos antibactericidas. É um processo que remove antibióticos da célula e torna as bactérias mais resistentes a essas substâncias”, disse Glenn Kaatz, do Centro Médico do Departamento de Assuntos de Veteranos nos Estados Unidos. Os pesquisadores colocaram amostras de Staphylococcus aureus retiradas do sangue de pacientes, com baixas concentrações de diversos biocidas usados frequentemente em hospitais. Ao analisar o efeito da exposição, identificaram a produção de mutantes por parte das bactérias, assim como um maior desenvolvimento da chamada bomba de efluxo, ou seja, um maior fluxo de remoção de toxinas do que o normal. Segundo eles, se as bactérias que vivem em ambientes protegidos são expostas repetidamente a biocidas, por exemplo, durante a actividade de limpeza, elas podem desenvolver resistência a desinfetantes ou, em outros casos, a antibióticos. Estudos anteriores apontaram que tais bactérias contribuem para infecções hospitalares.
“Estamos a tentar desenvolver inibidores de bombas de efluxo. Inibidores eficientes que poderão reduzir a probabilidade da emergência de novos mecanismos de resistência nas bactérias. Infelizmente os métodos actuais não funcionam eficientemente com uma ampla gama de patógenos, o que não os torna ideais para prevenir a resistência”, disse Kaatz. “Uma boa alternativa no futuro será a combinação de um inibidor da bomba de efluxo com um agente antimicrobiano, o que reduzirá a emergência de linhagens resistentes e o seu impacto clínico”, apontou. O pesquisador destaca a importância do uso cuidadoso e adequado tanto de antibióticos como de biocidas que ainda não são reconhecidos pelas bombas de efluxo produzidas pelas bactérias.
Assim, aconselhamos o uso (mas não abuso!) de biocidas e antibióticos. Podem pensar que estão a eliminar uma praga, mas na realidade, podem estar a ajudá-la a crescer.
Fonte: http://biologias.com/noticias/376/Desinfetantes-deixam-bacterias-mais-fortes
Dia: 06.10.2008
Hora: 17h31
1 comentário:
Gostei muito das vossas caras oh vitelas :) Continuem a mugir assim :D
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